ORIGENS DA CAPOEIRA
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CAPOEIRA: (do tupi guarani caá + pueira, significa mato ralo, mata virgem; o mesmo que capoeiragem; como substantivo masculino significa, aquele que pratica a capoeiragem, vadio, turbulento, indivíduo esperto ou manhoso - conforme nossos dicionários).
Nascida da ânsia de liberdade dos negros escravizados, a capoeira tem suas origens na cultura africana, mas seu nascedouro no Brasil. Com movimentos de ataque e defesa, baseados, na sua grande maioria, nos animais (como por exemplo: a chapa, o rabo de arraia, a cabeçada, etc.), a capoeira passou pela clandestinidade até ser reconhecida como esporte/luta e praticada livremente nas mais diversas academias do nosso e de outros países, “hoje já é praticada em mais de 85 países com o propósito de tornar-se esporte olímpico”.
No Rio de Janeiro, nos tempos do Império e no início da República, os capoeiristas refletiam a insatisfação das camadas mais pobres e sacrificadas da população, os quais, na sua maioria, eram ex-escravos, escravos foragidos e cidadãos livres que ocupavam funções subalternas e estavam freqüentemente confrontando-se com a polícia, reunindo-se em bandos, chamados de “maltas”.
Em razão da marginália que integrava as diversas maltas de capoeiristas, estes foram enviados para a Guerra do Paraguai, utilizados na linha de frente, a fim de evitar a morte de nossos soldados, pois colocava em primeiro plano, para confronto e aniquilação, se necessário, os capoeiristas.
Muitos foram os capoeiristas que se destacaram por suas façanhas, como por exemplo: Manduca da Praia – líder da malta dos Guaiamuns e comerciante respeitado, que se notabilizou por duelar e vencer o deputado português Sant’Anna e Vasconcellos, tido como valente e brigão. Até hoje Manduca da Praia é lembrado com chulas (cantos) nas rodas de capoeira: "No Rio de Janeiro, se minha memória não falha, o melhor capoeira foi Manduca da Praia”.
Ciríaco também é outro mito. Foi idolatrado e carregado pela multidão após derrotar um japonês campeão de jiu-jitsu. Distanciando-se das regras tradicionais da saudação que antecipa os combates, Ciríaco surpreendeu Sado Miako no momento no qual saudava-o, cuspindo-lhe nos olhos e aproveitando-se da cegueira momentânea do oriental, partiu para o ataque, nocauteando-o com um violento “rabo-de-arraia”.
Zumbi, o verdadeiro rei-escravo que libertou toda uma raça, foi caçado e assassinado como um bandido qualquer pelos brancos “donos de tudo” e, conforme a história, nascido no Quilombo de Palmares e capturado quando criança (1655) pela expedição de Brás de Rocha Cardoso, foi entregue ao padre Antônio Melo, sendo batizado com o nome de “Francisco”. Apesar da escassez de documentos, teria aprendido a ler e chegou a ser coroinha, bem como teria aprendido o português e o latim.
Conforme registros da Casa de Detenção do Rio de Janeiro, pelo menos 110 capoeiristas foram presos entre 15 de novembro de 1889 e 13 de janeiro de 1890. Por essa razão, as rodas de capoeira saíram de cena, reaparecendo em 1904 e na Revolta da Chibata (1910), mas já não faziam mais parte do cotidiano das ruas da cidade.
Alguém um dia manifestou-se assim a respeito do berimbau e da capoeira:
“O berimbau dita o jogo que hoje é luta musicada. Capoeira é luta de bailarinos, é dança de gladiadores, duelo de camaradas. É jogo, é bailado, é disputa, simbiose perfeita de força e ritmo, poesia e agilidade.”
Mestre Pastinha também homenageou a nossa capoeira, com a seguinte frase, a qual demonstra, também, seu grande amor pela arte:
“Só os pássaros não invejam os capoeiristas porque eles também voam.”
Jorge Amado, também em um belíssimo momento de inspiração, em seu livro “Bahia de Todos os Santos”, assim disse:
“Mas ah! Que nunca vos aconteça uma briga com um desses capoeiristas, porque, por mais forte que sejais, eu não apostarei em vós e tão certo estou que um minuto depois estareis estirado no chão à disposição da navalha brilhante.”
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